domingo, 29 de abril de 2012




Neste sítio tem energia
-positiva monofásica-
elétrica de calor humano...
“Tevicando” os acordes, da árvore da vida.
Nesse recanto tem “Cabelim”
Lua cheia e meia, e “Passarim”,
no dedilhado, da viola, o “Pedrin”.
Na janela do constrangimento tem a Cedrela
fissillis observando a corrente:
A água no córrego...
percorrendo liberdade.
Nessa casa tem Paineira
“barriguda” curtindo o som
E o “Perna” do fogão-a-lenha
A queimar o Cajon.
Nessa terra todo dia tem garoa
O vento... escorrega levemente os pingos nas folhas
e a brisa, na melodia de um “All star”.
Nesse refúgio tem gente sambando,  e perfume de moça
“Gaita gaitando", “Binho”, “Alá-Djavan”, “Pará”, “Gil”
E tantos outros, desatento que sou, possa ter esquecido.
Nesse abrigo também tem segredo,
escondido no “porão” das utopias:
O baú da felicidade!
Não sei se tem nome esse lugar
-nem adjetivos, no dicionário, que o “caibam”!
Mas tudo que necessito encontro por lá:
Amigos; poesia; conversa sadia;
sabedoria... e o “escam-Gal”!


(Iberê Martí)


sábado, 28 de abril de 2012

“Into the Wild”

De boa...
Cansei de correr e correr
atrás de alguma coisa, qualquer?
ou... qualquer coisa!
Buscar muitas razões
esquecer de viver...
O tempo passa.

De boa...
Esse mundo é pequeno
consome-se “infertilidade”.
O povo, e a massa
a manobra, e a obra.
O mendigo e o gari:
desprezo - que nunca senti-
a flor da pele.

De boa...
Mijar neste muro.
Cuspir no seu prato?
-não no copo, com álcool-
nas regras, leis e reis.
Aqui está escuro
não vejo os pecados
a luz e a voz, indagam:
quem inventou a moral?
os fortes ou os fracos.

De boa...
Cansei de Verdades...
são tantas Absolutas:
vazias e frias
inquestionáveis tabus?
A água, o vinho, o fogo
a fumaça das cinzas
A graça, a traça, a "ignorãnça"
fúteis ilusões sustentam:
A inutilidade humana
Já não impressiona... carona?
Só; em um disco voador!
                                                                                                                

De boa...
O pote e o arco-íris;
as flores, corais e cores...
passam despercebidas
permanecem insólitas!
Entre amigos e árvores:
raízes superficiais
em detrimento as profundas
A chatice do chato!

De boa...
Amores, poemas:
dilemas? Que valem!
O "afeto" e o feto
A casa e o teto:
protege-me?
da beleza das estrelas... do luar!

De boa...
Andar, caminhar
Descalço: a energia da terra...
não passa- ao passo- despercebida.
Angariando pequenas simplicidades!
Do delírio á lucides
A loucura é o que nos guia
A compreensão
da "entropia" universal!

(Iberê Martí)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Amazônia, casa minha




A noite, trombetas de chuva caia...
Estragando a “festa” dos bichos da noite:
Grilos; corujas; morcegos; cutias;
Onça Parda “pintada”; Capivara;
Curupira; Mapinguari...
Caçadores de liberdade, ainda que tardia!
O sono, a sonhar...

A noite, trombetas de chuva molhava...
Mostrando que sonhos têm asas;
presentes em todo o lugar!
Pensamento catando as gotículas (goteiras do tempo...)
Vai desse para vários lugares...
A liberdade da água (descapitalizada?)
Água amada!
Que faz essa terra girar...

A noite, trombetas de chuva trazia...
Lembranças dos anos libertos, de infância.
A paz...
O tempo não obedecia aos relógios.
Ao despencar das águas
a vida ensina...
Quem domina a arte do tempo
comtempla a mãe natureza
e seu baquete farto :
Ter o fruto na mesa, sem plantar;
Amar esse rio, esse sol;
A lua e o anzol; a carne da caça;
O Açu protetor do lago
-onde o Pirarucu respira-
Esse povo suspira
Ares de liberdade...

A noite, trombetas de chuva afogava...
Capital dos mandantes
Sem fome (vil amantes?)
Nesses “tempos modernos”

Uma floresta “adormecida”.
“Pseudo homens” ou máquinas?
Dejetos de quem?
Não espero ouro, bauxita ou prata
Não desejo a mulata...
A índia.
Apenas quero do povo...
Ouça o “sopro soberano” do Bugio:
- “tutano” e coragem...

A noite, trombetas de água canta:
“Liberdade apenas...
liberdade sem algemas!!!”

(Iberê Martí)

domingo, 22 de abril de 2012



Eu fui e fiz:
Mói a cana
Rachei a taquara
Chutei o pau da barraca
Vou me vestir de Peter Pan
A Terra do Nunca me aguarda

Agora camarada...
Chegou o fim de semana
Tira a gravata, e enche o caneco de cana

Lá em casa meu povo espera
Todos os companheiros e quem sabe a minha amada
Duas cuecas e um par de meia
É tudo que preciso, pra pegar a estrada

Até sexta, me chamam de senhor
Deu seis horas eu não atendo nem doutor
Agora volto ao meu eu
Aquele louco plebeu...
Que não pensa em nada mais
Além da companheirada

Quer minha atenção?
Põe uma cerveja na minha mão

Segunda-feira, ai não tem jeito
Coloco a gravata, com um aperto no peito
Posso até ficar sério pra trabalhar:
Uma coisa nunca vai mudar...
A loucura marcada na alma
Nunca sai de lá!!!


(Mário Paulo A. Hennrichs)

sexta-feira, 20 de abril de 2012







 Ontem fui ao melhor show da minha vida. Certo é que não presenciei tantos, mas mesmo se for o último estará satisfeito. Um desses raros momentos, em que o “fato concreto”, intimida a insignificância de qualquer expectativa. Ando meio destinado ultimamente. Foi o destino de um óculos, que me presenteou um livro, e gratificou com 104 minutos de arte.
Não faz tanto tempo, mas a música letrada de Bob vem me ensinando a observar mais atentamente as respostas do vento. E a oportunidade de assistir, "ao vivo", um dos únicos que respeito, ainda vivo. Admito que meu gosto musical andava meio cemitério, como se apenas o passado (que se quer vivi) fizesse sentido. Como se o tempo estivesse/acabasse” “involuindo”.
Eis que surge a oportunidade de conhecer Robert, ali, de perto. Dava certo tudo, nem o medo das capitais esteve presente nesse dia. A irracionalidade veio ao pensar, ao observar os “acambistas”, e seus olhares a implorar, literalmente, por um ingresso a faltar. Veio à loucura, sem ingerir uma única gota de álcool, imaginei: "Quanto valerá meu ingresso? Quanto posso ganhar?". E decidi, entre meio os segredos do cerebelo: "nem por um milhão!" Exageros a parte, têm que existir “coisas” na vida que o dinheiro não compre. Onde há vida!
E no meio dessa romaria (cujo Bob sempre se escondeu?), foi invadindo aquele som, a voz (meio, mais que rouca), se intimidava a presença do Cowboy Coroa.  Que sequer razão teria para estar ali: tocando gaita; teclado; guitarra, hora por música; hora por música e meia, nem sei "direito" explicar, de tão “atônico” que o público esteve. -Então esse é o Dylan? E a banda acompanhava aquela disritmia (às vezes por telepatia), dominada por uma energia maior, que controlava cada movimento; cada sorriso; cada vibração; cada olhar; cada palma.
Surgiu logo, nesse maldito pensar (que me inferniza), a lembrança do mundo musicalmente atual, e os críticos e as críticas: semi-deuses do saber? Meu amigo, Bob, não está nem ai para elas. Se não faltasse um Raul nesse enredo, diria: “Destino é a gente quem faz...” Mas vamos viver nosso tempo, se é que ainda nos permitem.
Os tempos andam mudando, dizia aquele que de herói sempre fugiu, e que “a história é quem dá conta, quem inventa”. Ele apenas reproduz (cuspindo no próprio prato?). A sociedade é fruto de uma construção coletiva. Criador e cicatriz são heranças do conhecimento comum. Tive medo do meu tempo, a música anda globalizada; aculturada, andam difundindo ilusão? Mas não me pretendo instrutor, cada caminho segue o seu. Quem é livre não condena. Não reverência mitos (“criados” por alguns “Idiot Wind”?). Admira sim o Ser, e a melodia que continua e insiste, a “martelar” o telencéfalo: “Like a Rolling Stone...  !!!


                                       (escrito por Iberê Martí)

domingo, 8 de abril de 2012



Por José Kennedy

Ontem tive a oportunidade de assistir ao filme Xingu. Como de praxe, já alguns anos não troco mais nenhum filme internacional pela oportunidade de assistir ao cinema nacional. Foi assim minha escolha para assistir o filme Xingu, meio a disputa com grandes produções americanas de comédia e ação que estão em cartazes nas telas de cinema. A principio,  “puxa lá vou eu querendo ser culto, assistindo um filme de floresta e de história em pleno sábado véspera de páscoa, porque não aproveito a oportunidade nem tão comum de ir ao cinema e vejo algo em 3D.” A dúvida pairava em minha cabeça.
Enfim, na quase certeza de que seria um bom filme, escolhi Xingu também pela curiosidade de entender um pouco mais da história de Mato Grosso, dos índios e dos irmãos Villas-Bôas. No inicio do filme uma bela paisagem do Rio das Mortes, canto dos pássaros e já começo a ter certeza: “escolhi o filme correto”.
Não sou crítico de cinema e nem tenho cultura para tanto, mas Xingu demostra algo que me faz ter orgulho das belezas mato-grossenses, mas não da forma que o Estado foi colonizado, que demonstra a força militar em seus anseios de “conquistar” as terras amazônicas, formas de enriquecer o governo e grandes fazendeiros do sul e sudeste.  Como todo filme, precisamos de heróis, nesse caso temos três heróis, Orlando, Claudio e Leonardo, os irmãos Villas-Bôas, três jovens ricos que buscam aventura e  encontram a maior de suas vidas, aventura essa que se torna suas vidas.
Vêm-me a vontade de escrever muito mais sobre o filme, mas tenho que me controlar porque a intenção não é tirar vocês dos cinemas, e sim, o contrário, fazê-los ir. Assistir à história que não nos contaram nas escolas sobre Exploração de terras em Mato Grosso, os a aventura dos irmãos Villas-Bôas, os “socialização” dos índios e a forma de apoderamento dos militares. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A democracia do povo e o papel da Universidade






Qual a diferença entre o certo e errado? Esse foi a primeira grande pergunta que me surgiu, logo, que entrei na Universidade. Será que todos os valores estão invertidos e meus heróis também são seres humanos de carne, osso e pecado? Sempre que se egressa no Ensino superior, e o inegável sentimento de superioridade. Sentimento que vai se desfazendo com o tempo, o mesmo tempo que passa, e passa, e passa, e cresce a descrença, surgindo à certeza que existe uma incrível força que impede que as coisas aconteçam. Uma “burrocracia” que engesse, literalmente, o serviço público.
Da mesma forma que, surgiu esse sentimento que as coisas não deixam de acontecer por acaso. Veio à militância no Movimento Estudantil, muitas vezes criticado, muitas vezes humilhado, muitas vezes desacreditado, muitas vezes ofendido, muitas vezes motivo de ‘piadas’, muitas vezes... Mas, existe algo maior, algo que faz continuar e persistir mesmo sabendo que muitas vezes a luta pode ser é em vã. 
A principal característica do Movimento Estudantil é o inegável caráter de Movimento social, intrinsicamente ligado ao seu dever de defender dos direitos das maiorias, representativamente minoritárias. E apenas uma diferença, e talvez a mais cruéis delas, ser um Movimento social cíclico, as pessoas militam por quatro, cinco anos, alguns menos, outros mais, mas por um período de tempo inegavelmente curto. E passasse mais tempo, desse curto tempo, tentando entender o processo, do que lutando efetivamente para que as coisas aconteçam. E quando começa a ‘sacar’ as regras do jogo, você esta fora, e vêm outros repetir o mesmo processo. As velhas novidades?
Este é um fato inegável, assim como é inegável que existem forças que utilizam dessa suposta inocência para que realmente as coisas não aconteçam. A palavra que aprendi nesse contexto Universitário, e que com certeza mais me abalou, foi: O Corporativismo. E com são corporativos dos segmentos caninamente servidores do capital e de sua vertente de desmobilização social... E o segmento, é o ‘Meu Segmento’? Como se os verdadeiros benéficos não fossem de todos. Pense em todos unidos em prol do melhor, como seria? É mais fácil (o controle), mas é melhor dividir/segmentar?
Não fosse os poucos Estudantes que se envolvem realmente com a Universidade, seria uma ditadura legalizada, cheia de palavras bonitas em seus princípios, meios e fins. Essa mesma observação pode ser utilizadas para tantas outras ‘coisas’ públicas, os três poderes, por exemplo. Mas que na prática é o contrário dos princípios que deve ter. A democracia nas Universidades, e no Brasil, tem um objetivo claro e especifico de legalizar o processo (ditatorial) no papel. Na realidade, as coisas são bem diferentes do que afirmam ser.
E assim será, inclusive amparado pelas Leis, como exemplo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que garante ao Segmento Docente no máximo 70% de participação nos Conselhos e Colegiados da Universidade. O problema é que o máximo previsto em Lei se torna mínimo. E segue o corporativismo.
É justamente nesse ponto que surge o novo enfoque de luta do Movimento Estudantil, direitos conquistados por militantes no passado, sob sacrifício inclusive vidas. O Movimento Estudantil do passado, que lutou pelas Diretas já; que lutou pelo fora Collor, não acabou como dizem por aí. 
Ao contrario, agora, ele ganha nova força e motivação: a Luta pela Democracia de fato; a luta pela utilização correta e coletiva do que é público, em defesa do Ensino público, gratuito, laico de qualidade, que ofereça o ensino, a pesquisa e a extensão de forma indissociável. A luta do Movimento Estudantil hoje é para que os direitos conquistados no passado tomem vida também fora do papel e se tornem realidade.
E é justamente pelo caráter de Movimente Social, que surge a obrigação do Movimento Estudantil questionar a forma- na prática- que são o ensino, a pesquisa e a extensão na Universidade. Afinal, é uma instituição que tem caráter de pública, financiada por dinheiro da sociedade, que deve ser respeitada, como toda ‘coisa’ pública (e por que não respeitamos que é público, da mesma forma e maneira que a ‘coisa’ privada?). Até que ponto que ponto a Universidade abre as portas à sociedade? Talvez importuno, mas como saber o que pesquisar se não conhecemos os anseios e desejos da população? Como é possível a extensão-transmitir conhecimentos úteis à sociedade-sem a comunicação?
A Universidade dentro do processo de construção da democracia se perde (ou se encontra) em várias lacunas, tanto internas quanto externas. Que surgem desde o corporativismo até mesmo o medo de não cumprir com sua função, o medo de se auto-avaliar e de ser avaliado. E isso, faz com que Governos- de forma oportuna-  não obedeçam a nossa Carta Magna, e apliquem os 10% do PIB na educação, em  investimento no futuro,  na “criação” e difusão do saber. Passo fundamental ao processo de transformação, do surgimento de uma sociedade igualitária e justa. Mas, se não conseguimos difundir, estender e/ou comunicar, como podemos cobrar mais investimentos? Conhecemos nossa importância, mas é o povo, a população?
Talvez com mais perguntas e questionamentos que respostas, talvez com mais dúvidas que afirmações, talvez democrático que autoritário, finalizo este texto com uma proposição - sendo este um dever se considero o Movimento Estudantil verdadeiramente com caráter de movimento social.
Que a sociedade cobre da Universidade o seu papel. Que mais que cobranças, que a sociedade se envolva - participando das decisões, dando sugestões, contribuído com o desenvolvimento acima de tudo vivenciando a Universidade.
Se quisermos democracia, muito além de cobranças, devemos nos envolver e participar do processo de conquista! A Universidade do universo, somente cumprirá com seu papel, quando romper as barreiras e conseguir envolver a sociedade em seu processo de construção. Talvez transformar o Brasil e suas ‘unimultiplicidades’ em uma grande academia. E não é? A Universidade somente será democrática: quando rompermos esses muros invisíveis que existem- que refletindo um pouco com um olhar mais atento, nem tão invisíveis assim! O Brasil somente será democrático: quando for “O governo do povo, pelo povo e para o povo”. E a Universidade tem o dever de contribuir ‘significativamente’ com a luta de seu povo.



(Iberê Martí)

quarta-feira, 4 de abril de 2012




Tem tanto inventor de data
e quanta comemoração?
O tempo é infinito
cada segundo é uma nova, batida do coração


Feliz natal, feliz aniversário
solidão, agonia... um Ser feliz, só por um dia?
Feliz natal, feliz aniversário
Quem vive poesia, é feliz todos os dias


Para que o dia da mulher?
Quem respeita, todo dia é dia
de ventre, amor, singular néctar
perpetuando a raça humana


Tem o dia só de ‘preto’
injustiça, preconceito
todo mundo é Sujeito
não sou de genes ou DNA
o brilho nos olhos é meu único valor

E tem o tal dia do índio
para esquecer de genocídio?
Desse povo da natureza
‘veneravam’ apenas a beleza
da água, da terra, do fogo, do ar...


Um dia para cada santo
até data para namorar?
é uma data para cada ‘missão’
cada pseudo herói, ‘estrela’, constelação...

Não tem dia de meretriz
a profissão mais velha é ser atriz
vende o corpo, quem ‘dispõe’ da alma
observando com “cadim” de calma
quantas ‘penadas’ mentes sem brio?


Com tanto inventor de data
vou é já, “criar” a minha
não... não sou bom o bastante?
será o dia dos desimportantes
de aprendiz, ‘apanhador’ de vento...
moinhos de “quixotesca” imaginação!
Meu tempo todo é ser feliz
vida de eterna contemplação!


Feliz natal, feliz aniversário
solidão, agonia... um Ser feliz, só por um dia?
Feliz natal, feliz aniversário
Eu vivo poesia, sou feliz todos os dias
Feliz natal, feliz aniversário
Vamos viver poesia, esse mundo é rebeldia...

(Iberê Martí)