quinta-feira, 22 de março de 2012



                                                                                                         Por Jamille Ravel  


Eis a questão. Qual a diferença entre o homem e o macaco? Qual a diferença entre o homem e o macaco? Qual a diferença entre o homem e o macaco?
Para os mais cristãos, a resposta é simples. O macaco é apenas mais um animal, dos tantos que Papai do Céu criou, e Noé gentilmente abrigou em uma arca. O homem é a imagem semelhança de Deus. E nós, mulheres, somos a imagem semelhança de uma costela de Deus.
Biólogos já diriam que a diferença entre homem e macaco seja ínfima, que vão além da combinação entre as quatro letras que formam os genes. Essa sutil combinação de letrinhas (que quase ninguém entende, apesar de ter decorado) é responsável por diferenças físicas entre as duas espécies, tais como postura ereta, mãos, mandíbula e laringe, dimorfismo sexual e principalmente o tamanho do cérebro.
A diferença é que nós temos capacidade de construir ferramentas, criar métodos de escrita, construir armas de destruição em massa, ter crenças, querer aproveitar a vida, ter sentimentos idiotas, etc. Se ensinarmos um macaco, ele pode escrever. Se ensinado, pode rezar, fazer exercícios de matemática e até construir um martelo ou machado. Mas a diferença básica é que ele precisa ser ensinado para construir um machado. Precisa que o ensinem a fazer exercícios de matemática, fumar charuto ou fazer malabarismo. A diferença mora na capacidade de o homem ter idéias e criá-las. Em libertar a mente, fazê-la funcionar como os animais não conseguem. Em inovar, criar novidades, ousar, libertar-se. Existem muitos macacos treinados entre nós. Acordam, trabalham, casam, vão à missa, acreditam no que lhes é dito, vêem jornal nacional, dormem. Apenas macacos treinados.
Vai uma poesia de um amigo sociólogo brasileiro que conheci no Mato Grosso, quando eu estudava os índios Enawenê Nauê.





No princípio, tudo era harmonia
Existia no mundo apenas animais
Girafas, macacos, marsupiais
Era a coisa mais linda que havia.

Não havia pensamento guerra ou luta
Todos seres vivos viviam em paz
Parecia tudo perfeito, mas
Era proibido colher uma fruta.

Eis que um macaco ignorou o perigou
Colheu, comeu a fruta proibida
Achava que não mudaria sua vida
Mas Deus lhe mandou um castigo.

Macaco explicou céu, sol, água e vento
Raciocinava tudo, sobre vida e a morte
Olhou seu igual, queria ser mais forte
Pois Deus castigou com poder do pensamento.







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