O menino cansou do mundo. Quis
construir o seu mundo.
Resolveu se embrenhar na
arte de invencionática.
Inventou primeiro, “que tudo
que não inventasse é falso”.
Inventou o desestado das
coisas e das causas. (Parafernálias ao deserto!)
Logo o ouro se tornou nome
de praga. Dólar virou nome de mato.
Mercado capitalizou em circo.
Palhaço foi pra bolsa de valor.
Petróleo virou xingamento. Latifúndio
se cemitérializou.
Banco só existia nas praças.
E tudo é de graça, até o amor.
As armas foram derretidas. E
as tendas delas viraram escolas.
A espiritualidade rompeu-se
da dor. E caridade virou adjetivo comum.
A violência foi erradica. A
fome abolida. Alegria ganhou vida...
Analfabetismo prioridade,
problema a ser tratado pela medicina.
(Com ignorãça não se brinca.
Ignorãça não se é de brinquedo)
Alimento um direito sagrado. Educação tornou se compromisso de Estado.
O medo se desconfigurou. E valor
das coisas passou a ser medido em sorrisos.
(As crianças, deste modo, se
transformaram em professores!)
Ele foi caminhando e
inventado. Inventando e caminhando...
Chegou ao absurdo, ao cumulo
de transformar poeta em imperador.
(Este [poeta] de pronto
recusou. Disse a ele, ilusão é antiliberdade).
Dizem que se aluou [o
menino]. Foi morar em marte. Criou seu próprio universo.
“E aqueles que não conseguem
ouvir a canção”, chamam ele de Andarilho!
(Iberê Martí)
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