A
gente se acostuma a viver na rua
A
dormir no chão, fazer comida [comunitária] na praça
A
gente se acostuma com o descaso
Com
a indiferença, com o frio ou calor
A
gente até aprende a conhecer gente,
Estranhos,
a ser expulso pela “ordem”
-
que o fotografo fotografa -
A
gente aprende a apanhar, com cheiro do lixo
Com
a roupa rasgada, com pano sujo cobertor
A
gente se adapta a respirar fumaça fumegante
Ouvir
o barulho do helicóptero, sem olhar pro céu
A
conviver com o perigo, a insegurança
A
Solidão... a tomar banho no chafariz
E
a gente se acostuma a dividir tudo,
[entre todos
que nada tem]
A
gente se acostuma, aprende, se adapta... torna-se normal
Mas
que me agoniza o peito, enche de angustia
É
esta estranha sensação que Eles Livres,
e
“Eu”?
(Iberê
Martí)
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