quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Hoje eu acordei


Hoje eu acordei e só queria dar bom dia

Mas já não tive tempo por causa da rotina

O tempo me lembrou que nem tudo é poesia

Talvez seja o meu destino, a minha sina

Correr contra o tempo, com alma vazia

Em vez d'água do mar, lágrimas na retina

Sede na boca em vez de lábios bonina

Cultivando o que restou da melancolia

 

O passado é tão imprevisível quanto o futuro

O presente se passou mais rápido que um raio

Toda vez que me bate o velho medo do escuro

No precipício escuro da minha mente eu caio

Em transe, me sinto preso, cercado de muros

Meu corpo confinado, alvejado, com mil furos

Como as folhas que caem das árvores em maio

 

Vejo a foto da "gente jovem reunida", curtindo

Reunidos, felizes, a saborear a prórpia juventude

Tem aquela loira com cabelo atrapalhado, sorrindo

Seu óculos escuro grande, sua beleza e sua saúde

Hoje o tempo levou a garota, seu rosto tão lindo

Só restou a lembrança e a foto desbotada, caindo

Aos pedaços, como as amizades, a ex-maior virtude

 

Mas eu resisti, saí para a rua, fui caminhar

Dei bom dia pra um mendigo e pra um vira-lata

E o sol cresceu,no meu caminho, a iluminar 

O vento no meu rosto refrescou como cascata

E eu vi que é pra frente que tem que olhar

E quem não vai pra frente, o tempo mata

Resolvi naquele dia aposentar minha gravata

E ir pra praia, nadar nas águas do mar

 

(Stéphano Diniz)

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