Hoje
eu acordei e só queria dar bom dia
Mas
já não tive tempo por causa da rotina
O
tempo me lembrou que nem tudo é poesia
Talvez
seja o meu destino, a minha sina
Correr
contra o tempo, com alma vazia
Em
vez d'água do mar, lágrimas na retina
Sede
na boca em vez de lábios bonina
Cultivando
o que restou da melancolia
O
passado é tão imprevisível quanto o futuro
O
presente se passou mais rápido que um raio
Toda
vez que me bate o velho medo do escuro
No
precipício escuro da minha mente eu caio
Em
transe, me sinto preso, cercado de muros
Meu
corpo confinado, alvejado, com mil furos
Como
as folhas que caem das árvores em maio
Vejo
a foto da "gente jovem reunida", curtindo
Reunidos,
felizes, a saborear a prórpia juventude
Tem
aquela loira com cabelo atrapalhado, sorrindo
Seu
óculos escuro grande, sua beleza e sua saúde
Hoje
o tempo levou a garota, seu rosto tão lindo
Só
restou a lembrança e a foto desbotada, caindo
Aos
pedaços, como as amizades, a ex-maior virtude
Mas
eu resisti, saí para a rua, fui caminhar
Dei
bom dia pra um mendigo e pra um vira-lata
E
o sol cresceu,no meu caminho, a iluminar
O
vento no meu rosto refrescou como cascata
E
eu vi que é pra frente que tem que olhar
E
quem não vai pra frente, o tempo mata
Resolvi
naquele dia aposentar minha gravata
E
ir pra praia, nadar nas águas do mar
(Stéphano
Diniz)
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