domingo, 24 de agosto de 2014

De Agosto à desgosto

 

De Agosto à agosto

No pó da estrada

Na fuligem da cana

Sobre a terra cansada,

O homem reclama

Reza e chora há Vida

 

Lágrimas de sol à sol

Suor pele ressecada

Mãos riscos e marcas

Lida calejada do Povo

Vão emprenhando o chão

Benção e chuva pro divino

 

Seca de norte à norte

A morte bate na porta

Na boca rachada sorriso

Aviso de sorte renovada

Migrante segue o zunido,

O Vento de nova enseada

 

Esperança do dia à dia

Caminha leve, devagar

No altar fica a pressa

No balcão deixa a prece

Sabedoria do sertão,

Que se é preciso navegar

 

(Iberê Martí)

Nenhum comentário:

Postar um comentário