terça-feira, 1 de julho de 2014

Eutopia

 

Na bússola de meu peito que corta,

Marca passo, descompassado

Meus passos, não deverás. Conto, jamais.

Refazenda, eu que nunca me refaço

Nunca que eu me faço em outro canto!

E sigo firme, moirão de moreira, espinho

não me arrependo, de meus em falsos.

Chão firme, descalço sob sol do sertão...

Rachaduras nos pés, pisando no solo seco

Há dor que corta mais que inocência?

Em meus calos, calejada mão peleja

Os punhos desolados, latejante punhal

Nervos tremidos de aço, latejando

Mas não pego em arma de fogo.

Minha chama arde é na pena e tinta,

que escorrega corta, mais profunda que navalha.

Um passo nega, um outro pisa

Mil razões desconhecidas, vida amarga

Boca seca, já cansada. Palavra falsa

Pseudo olhar que me encanta, em boca cega

Dentes singelos em boca flácida

Escorregam em superfície, rusga antiga.

Eu me dirijo novamente convencido,

Novo caminho, torto bando, manada

Efeito em minha pele, face cansada

Em passos leves, eu e meus moinhos

Soprando o vento, pergaminho triste

Eutopia, vou em frente alvorada

Até veemente, como pássaro, revoada!

 

(Iberê Martí)

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