quinta-feira, 17 de abril de 2014

Rebuscadas


 

Tenho uma infindável saudade dos livros,

que não li.

Sinto uma imensurável candura pelos amores,

que não conheci

Rogo uma estima infinita pelas sementes,

que não plantei

Rego os fungos que tomam conta dos frutos,

 que não colhi

Aguardo ansioso o âmago do futuro,

que não escolhi

 

Tenho bem mais que palavras presas na garganta,

[agarradas se gastam entre sentidos e sentimentos]

Entretanto não devolvo, nem em sonhos devolutos,

minha inocência.

Prezo bem mais as lembranças do Interior,

de minha infância... em minha mata

Quando ia catar fruto no cerrado, pescar lambari no rio

(E se deparava com onça, cobra, tamanduá, lobo-guará)

Ia eu e minhas amizades gratuitas,

Construídas ao acaso no futebol

 

A gente cortava varjão de bicicleta

Rio a gente atravessava de canoa

E se escondia pra “roubar” a ceva de dona raimunda

Mesmo com bornal carregado de peixe

(A gente tinha um sorriso pra peraltagem)

Todo aquele Sertão era meu,

Era seu, era nosso... “usucapio”, em latim

Terra não se prendia em registro de cartório

(Quem era o dono, do Abandono?)

Estas memórias guardei em um baú,

e lancei as chaves no mar.

Mas o Araguaia é rio?

Eu já não sou mais menino!

(Iberê Martí)

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