quarta-feira, 23 de abril de 2014

Idealista


 

Não compro meu preço

Nem cobro trocados

Trocando em miúdos

Já ando calejado

 

Não sou parte, sou todo

Faço da vida aos avessos

Tenho meus compromissos

Por meus valores apreço

 

Não me entupa de informações

Procuro na Sabedoria

Na luz do conhecimento

Trilhar trilhos novos e dias

 

Não me cabem mandamentos

Meus pensamentos são teias

Tenho posicionamento

E minha ideia incendeia

 

Quando cortei o cabelo

Me chamaram de traidor

Amigo de feiticeiro

Amante do esplendor

 

Não carrego tatuagens

Nem personifico em tribos

Meus conceitos bobagens

E trato todos como amigos

 

Aos que blasfemam mudanças

Façam da palavra vossa prática

Aceite a solidão e o abandono

A dialética é diva, didática

 

No Meio, o fim é ferramenta

Toda atitude transforma

Sensibiliza a fome de outros

Na mesa de quem se reforma

 

Descalço, despido de alma

Acredito em outros argumentos

Dou créditos aos que sonham

E não faço opções por lamento

 

Não sou poeta, sou bobo

Meu ninho pássaro que canta

Tenho dúvidas e pesadelos

E a porta bate na garganta

 

Minha janela tem culturas

Casa sem paredes ou teto

Cultuo tantas maneiras

Neste planeta de arquitetos

 

Quando tráfego por pontes

Feito menino ou palhaço

Encontro outros horizontes

No calor de quantos abraços

 

Prezo tontas tolices

Acredito em meus inimigos

No vento sopro sandices

E no acaso me abrigo

 

Não controlo a história

Nem me rendo ao passado

Temos tanto há construir

O mel nem sempre é amargo

 

Não vago divisas ou cercas

A desobediência meu carma

Peito com peito arames

A Utopia é minha arma

 

Não tenho respostas

Busco pelas perguntas

Nem faço apostas

Tenho minhas permutas

 

Não vou dizer que sou feito

Nem duvidar que estou pronto

Tenho princípios de leito

E não me confesso pra santo

 

Aos que creem em magia

Entregam-se ao destino

Percorram outra alegoria

Engendrem novo desatino

 

Não sou careta, nem louco

Gosto de bruxas e ciganas

Nosso cordão umbilical

Fadas de quem se engana

 

Meu sorriso é tímido

Não vim aqui pra dizer

Meu amor pelos inválidos

Estes que validam meu ser

 

Há ideologia é pra beber

Na fonte das (r)evoluções

Meu coração vai querer

Amar com outros, Corações!

 

(Iberê Martí)

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