sexta-feira, 7 de março de 2014

Quando eu estiver me enganando

 

Na primeira vez que fiz alguém chorar,

Pouco sabia eu de posses no deserto.

Percebi posse em outros olhos,

Sempre aquela imagem de fundo

(Ilusão de ótica de vasto efeito)

Uma sombra, uma árvore, uma corda

Usurpando imagem, reflexo no espelho.

Nunca mais adentrei olhos de ninguém

Anos e anos buscando alguma vaidade,

Que caiba em qualquer pedante.

Fui bem longe, fugi do mundo, das pessoas

Esqueci tudo no local que perdi o meu ego.

Abandonado, fui e fiz meu melhor amigo,

um reles andarilho que me confidenciou:

 
“Em algum sorriso descompassado, nos passos incertos, olhos incompreensíveis, na alegria radiante, no sonho inocente, no sotaque certeiro, na vastidão da palavra, no conforto da utopia, no contraponto expoente... Na certeza no amanhã, nas silabas apagadas, na surpresa no improviso, na retidão dos conceitos, na arquitetura na sombra da árvore, e sua forma confrontando o tempo... observa o vácuo da (des)pretensão, foi lá que esconderam a pureza. Ela ainda anda por ai, em algum lugar, caminhando feito vento sobre as águas!”

 

 

(Iberê Martí)

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