quarta-feira, 19 de março de 2014

EU, meu passo


 

Eu procurei vida inteira ser passarinho

Viver em paz, e construir sublime ninho

Pra conseguir o que vendem, segui protocolo

Pratiquei os rituais, crendo na beleza de Apolo

 

Nos imortais busquei, minha fonte de inspiração

Segui os normais, puros e bravos de coração

Em cada medida, detalhe e receita de bolo

Sem bola dividida, mesmo junto aos tolos

 

Foi assim que cresci e perdi juventude

Carrego como herança a falta de atitude

Olhos sem esperança, observando o normal

Quando era criança sonhava ser imortal

 

Hoje respiro o mundo e o vejo distante

Não tem graça o amigo, nem prazer a amante

O Tempo passou, eu fiquei no caminho

Já não tenho asas, não sou mais passarinho

 

(Iberê Martí)

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