quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Mundo torto descabido


Terá algum dia cabimento algum? Que me caiba, num quadrado. Pois o mundo têm asas e ainda é quadrado. Você consegue observar os cantos do mundo quadrado? São quatro cantos intransponíveis, em ângulos retos, delimitados pelo compasso do arquiteto ou carpinteiro que tudo fez e que tudo faz. Onipresente, onipotente, onindecente. Assim é o mundo dos seres humanos, nem menos nem maior. Quadrado. Fechado. Trancado. Espremido. Engomado. Flagelado. Amaldiçoado. Quadrado. Cuspido. O mundo é assim: você consegue ver? Me convenceram. O Tempo existe. Assim como assistem os que pisam antes dele (o tempo), outros pisam ao seu redor. Outros pisam a sua frente. Quantos outros pisam em cima? Mas que tempo descabido. Predam seu inventor, torto. Torturado. Mundo velho mal amado. Proíbem os amantes, proliferam os capetas. Matam os poetas, liberam os cometas. Aniquilam os sonhadores, enlouquecem os caretas. Minam os andarilhos, oferendam os loucupletadores. Amaldiçoam os vagabundos e condecoram os blasfemadores. Mundo torto. Mundo sarjeta. Mundo rouco. Mundo zureta. Assim são, meus passos por este planeta. Quando chego já foi, quando me conformo já passou. Quando me inquieto me procuro. Quando espero obtenho. Quando paro. Mundo parado. Mundo cafona. Mundo largado. Mundo diploma, mundo irado. Mundo sem jeito, mundo desajuizado. Mundo contente, mundinho quadrado. Não quero tomar café! Obrigado não temo o destino. Grato o futuro me espera. Na esquina redonda, a tabula e os cavaleiros quadrados. Mundo tonto, mundo malvado. Mundo sujeito adjetivado. Muito conceito, pouco pecado. Mundo preconceito. Mundo ignorante, ignorado. Mundo sapiens, mundo fechado. Esfera, cometa, labirinto. Mundinho casado. Mundo mente, mundo mimado. Mundo sente, mundinho atrofiado. Mundo indecente, mundo reformado. Mundo serpente, mundinho inocentado. Mundo inocente, mundo dominado. Mundo carente, muitos coitados. Cabimento mundo. Mudo descabido. Fala muito. Pouco ouvido. Reclamo muito, mas quando chove. E da terra brota então o legume. E da serra desce mais que chorume. E a guerra tem o odor de perfume. Mundo sangue. Mundo sangrento. Mundo louco mundo tormento. Muito pouco, cabimento. Descabido mundo, mundo marrento. Mundo surdo, mundo nojento. Mundo sujo, mundo cinzento. Mundo voraz, mundinho avarento. Mundo tosco globalizado. Mundo sério é diversificado. Mundo que não julga, mundo que não é julgado. Mundo maluco, mundo pirado. Mundo cafona, mundo miscigenado. Mundo medíocre, mundo homogeneizado. Mundo pequeno, mundo alienado. Admirável, venerável mundo novo. Mundo é que tenho. Que me falta, que me sobra. Mundo transborda. Mundo, que mudo, um dia aprenderei a conviver dentro de ti!


(Iberê Martí)

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