No
dia que eu aceitar o Mundo é; frágil e flácido, meticuloso e confuso, simples e
complexo. No dia que eu aceitar a loucura lúcida dos que caminham acreditando
piamente na felicidade. No dia que eu aceitar o pequeno entendimento místico
daqueles que agraciam a paz. No dia que eu aceitar a guerra inerente a essência
de uma cultura demasiadamente desconhecida. No dia que eu aceitar a beleza
simbólica dos vagalumes inocentes a iluminar os cantinhos do planeta em busca
de luz. No dia que eu aceitar a debilidade dos insensatos e fragilidade dos
fortes. No dia que um economista globalizar os meus medos e um livro de autoajuda
pautar meu dia dia. No dia que eu aceitar a avidez dos que desconfiam e o
silêncio dos “conhecedores”. No dia que eu aceitar o isolamento remoto dos
poetas e dos artistas. No dia que eu aceitar o entendimento míope corajoso dos
ativistas. No dia que eu aceitar as respostas dos filósofos e metafísicos. No
dia que eu aceitar as certezas dos revolucionários. No dia que eu aceitar as
explicações dos sociólogos. No dia que eu aceitar os desvios cruéis e pueris
das estatísticas. No dia que eu aceitar que a ciência é estática, imóvel e imutável.
No dia que eu aceitar beber água no lago inalienável da esperança. No dia
que eu aceitar a cumplicidade dos que andam em estágio terminal. No dia que eu aceitar
apenas calar aos conselhos dos sabedores. No dia que eu aceitar seguir as
palavras caídas das bocas dos mestres. No dia que eu aceitar a viseira dos
visionários. No dia que eu aceitar a história que contam dos heróis e vilões. No
dia que eu aceitar a frieza impávida dos fatos. No dia que eu aceitar as
explicações incoerentes explanadas nos argumentos. No dia que eu aceitar a
degeneração construtiva concisa na invenção do imaginário. No dia que eu
aceitar os calos nas mãos dos carpinteiros do mundo inerentes como
hereditários. No dia que eu aceitar a indiferença dos andarilhos. No dia que eu
aceitar o caminho, o destino, o trilho e o trem. No dia que eu aceitar o mundo
mirabolante penoso dos profetas e deixar de acreditar na Vida. Neste dia – tão
somente e unicamente neste instante - terei preterido a minha a Escolha!
(Iberê
Martí)
Nenhum comentário:
Postar um comentário