terça-feira, 22 de outubro de 2013

ME DÊ DESCANSO


Não digo nada,
não penso nada,
não sinto nada,
não há tempo...
Sou consumida para produzir
para que eu consuma,
para que os outros consumam,
 infindavelmente até a natureza acabar.

Produção de matéria,
extinção de vida,
reprodução interminável,
de tudo que não tem valor.

Era do descartável.
Descartam-se produtos,
descartam-se pessoas,
descartam-se sentimentos.

O amor é clichê,
eu sou clichê,
a vida é clichê,
ser não importa mais.

Só preciso de tempo,
de um descanso,
nesse mundo impiedoso,
com quem deseja viver mais do que ter.


(JOANA CAJAZEIRO)

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