sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Desapego


Praticar o abandono transpôs de regra a Norma
 Ao desapego repleto de bens imateriais
Largou na porta de casa simbólicos valores falidos
(em Casa já não havia portas, esquadros, janelas, quadros.)
Falência múltipla de órgãos – que antes era, sobrevive hoje sem chão
Nem conseguiu a fotografia eternizar, desbotou
Perdeu o tom, ganhou cara de pintura de criança travessa
Nas ruas os postes já não iluminam. Ganharam função de poleiros
Pra pássaro – que sempre foi de melhor serventia.
 É tudo foi se desbotando. Há um passo leve, imperceptível
Muitos gritos e ações enérgicas tentaram reavivar a pintura
[com a mesma tinta, as mesmas mãos, e o peso das mesmas Ideias]
Relutaram bravamente, enfrentaram o preço da História
É foi borrando, se sujando de sua própria tinta
Ficaram presos na lama. Como última instância criaram Leis.
O desapego foi praticado, e praticando
Logo tudo perdeu o sentido, a essência
Antes tudo que era, agora pura decadência
Não haviam mais carros, nem lojas, quanto menos cercas
Foram abandonados a serviço da inutilidade
Como é triste o abandono do Desapego
O lamento de quem não chora, vivo sentimento
Por um momento toda estrutura caiu
Ruiu nas cinzas de enorme parafernália
Depois o desapego encontrou no abandono o Verbo
É o Verbo compôs o abandono em Palavra
Quimera em frases repetia:
Vendem-se Sonhos! Vendem-se Sonhos”


(Iberê Martí)

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