terça-feira, 21 de maio de 2013



Os amigos, inútil serviço e completamente desnecessário definir ou explicar: há amizade em si já se autodefine. Esses seres (os amigos), que se encontram antes mesmo de se conhecer. Estes que mantém as conversas em dia mesmo sob a presença astuta da distância física – de contato ou virtual. Parece que eles (os amigos), recapitulam sempre conversas futurísticas. Não existe o ponto de partida ou mesmo o fim para diálogos entre amigos. Partem de qualquer lugar e sempre chegam a um ponto em comum, como se vivenciassem - mesmo ausente a presença – dos mesmos momentos, das mesmas visões de mundo, dos mesmos sentimentos. Os amigos não atualizam o presente ou choram o passado, apenas projetam o futuro; planejando inundar a imaginação de fantasias audaciosas. Como é bom ter amigos, e quão belo. Partilhar angustias através de espectros transcendentais! Amigos, amigos sempre em frente, sempre adiante, incumbidos de seus destinos involuntários. É involuntariamente seguem construindo os tortuosos trilhos nos acontecimentos em Vida. Nem antes, nem depois, nem agora nem talvez, nem hoje ou quem sabe nunca. Mas, a mais amigos que se completam, que se complementam. Que fundem suas ideias, e criam algo novo: há Esperança. Vasculham nas utopias plantações de um novo tempo, em seus valores renovados. Impossível “expectativar” um amigo, pois somos sempre surpreendidos por seus sonhos risonhos, por seus abraços fervorosos, por seus músculos enrijecidos furiosos para acalentar em seus anseios: os braços apertados nos passos descompassados e rítmicos do coração, que pula e saltita: há vida. Repletos de seus temores e fantasmas, por tudo que é, e representa. Amigos e seus discursos serenos, amenizando os vários vazios da crua realidade. Agindo como se somassem para dividir, e diminuíssem para multiplicar. Eis a vida e os amigos. Os amigos e a vida: sempre um carregando a contradição do outro: (re)fazendo o contraponto de qualquer pessimismo cabal. Acabarão com o planeta, com o mundo com o universo, com os mitos com os heróis, com o medo e com as doutrinas, e tudo mais. Entretanto, no contraponto: as amizades jamais, pois está já parte faz do enigma, no mistério da enteléquia que carrega o fio: o fio dos que acreditam na Sobrevida!

(Iberê Martí)

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