Os
amigos, inútil serviço e completamente desnecessário definir ou explicar: há amizade em si já se autodefine. Esses seres (os amigos), que se encontram antes
mesmo de se conhecer. Estes que mantém as conversas em dia mesmo sob a presença
astuta da distância física – de contato ou virtual. Parece que eles (os
amigos), recapitulam sempre conversas futurísticas. Não existe o ponto de
partida ou mesmo o fim para diálogos entre amigos. Partem de qualquer lugar e
sempre chegam a um ponto em comum, como se vivenciassem - mesmo ausente a
presença – dos mesmos momentos, das mesmas visões de mundo, dos mesmos
sentimentos. Os amigos não atualizam o presente ou choram o passado, apenas
projetam o futuro; planejando inundar a imaginação de fantasias audaciosas.
Como é bom ter amigos, e quão belo. Partilhar angustias através de espectros
transcendentais! Amigos, amigos sempre em frente, sempre adiante, incumbidos de
seus destinos involuntários. É involuntariamente seguem construindo os tortuosos
trilhos nos acontecimentos em Vida. Nem antes, nem depois, nem agora nem
talvez, nem hoje ou quem sabe nunca. Mas, a mais amigos que se completam, que
se complementam. Que fundem suas ideias, e criam algo novo: há Esperança.
Vasculham nas utopias plantações de um novo tempo, em seus valores renovados.
Impossível “expectativar” um amigo, pois somos sempre surpreendidos por seus
sonhos risonhos, por seus abraços fervorosos, por seus músculos enrijecidos
furiosos para acalentar em seus anseios: os braços apertados nos passos descompassados
e rítmicos do coração, que pula e saltita: há vida. Repletos de seus temores e
fantasmas, por tudo que é, e representa. Amigos e seus discursos serenos,
amenizando os vários vazios da crua realidade. Agindo como se somassem para
dividir, e diminuíssem para multiplicar. Eis a vida e os amigos. Os amigos e a
vida: sempre um carregando a contradição do outro: (re)fazendo o contraponto de
qualquer pessimismo cabal. Acabarão com o planeta, com o mundo com o universo,
com os mitos com os heróis, com o medo e com as doutrinas, e tudo mais.
Entretanto, no contraponto: as amizades jamais, pois está já parte faz do
enigma, no mistério da enteléquia que carrega o fio: o fio dos que acreditam na
Sobrevida!
(Iberê Martí)
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