O poema mais bonito
Ainda não foi escrito
Seu autor é desconhecido
Morreu antes de haver nascido
Foi declamado em praça pública
Por um mudo
Em homenagem aos surdos
Um cego ao ver aquela cena
Chorava que dava pena
Era o dia dos anormais
Doentes físicos e mentais
Paraplégicos e epiléticos
Aplaudiam enérgicos
Neuróticos e psicóticos
Vibravam eufóricos
Cancerosos e leprosos
Sentiam-se vitoriosos
Lunáticos e neuropáticos
Gritavam enfáticos
Poetas e profetas, cabisbaixos
Não entediam a mensagem
O canto foi aos presídios e hospitais
Alegavam os oprimidos
E confundia os intelectuais
Manetas escreviam a letra
Em cadeiras de rodas e muletas
Só um sonho
Despertei pra loucura da vida real.
Valdo da Silva
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